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Crianças criam espaço que traz esperança por um mundo melhor

02 de Julho de 2018 às 15:28

"Ensinaram que a paz é muito bom para a saúde. Paz é não brigar com o outro", ensina o pequeno Murilo Tobias Albertoni, 6 anos. Murilo e seus colegas criaram um Parque da Paz onde estudam: a Escola Municipal Professora Maria Domingas Tótora de Goes, na Vila Carol.

As crianças quiseram ter um Parque da Paz na escola depois que ficaram sabendo sobre o que aconteceu durante a 2ª Guerra Mundial, quando diversos países estavam brigando e os Estados Unidos acabou jogando bomba atômica nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Era agosto de 1945. Esse foi um dos mais graves acontecimentos da história humana. Saber disso deixou os alunos bem tristes, mas ao mesmo tempo eles ficaram com vontade de espalhar a paz, para que coisas assim nunca mais aconteçam.

Colaboração de todos 

Cada turma da escola, que atende crianças desde a educação infantil até o ensino fundamental 1, com idades entre 4 e 11 anos, colaborou dando ideias e também colocando a mão na massa!

Os estudantes confeccionaram mandalas e leques, entre outros enfeites, para pendurar entre as árvores da escola, que ganhou ainda jardim e um portal, o Torii, conhecido como símbolo do Japão.

"Estudamos o passado para ter mais paz no futuro", conta a estudante Giovanna Letícia Bernardo, que hoje está com 12 anos. Ela ajudou na construção do Parque no ano passado e foi uma das primeiras alunas a participarem. Hoje ela não estuda mais na escola, mas mesmo assim fez questão de ir na inauguração, afinal contribuiu para que tudo acontecesse.

O diretor Eder Proença - RAFAEL BADDINI/ PREFEITURAO diretor Eder Proença - RAFAEL BADDINI/ PREFEITURA

Ela lembra que tudo começou a partir da tese de doutorado do diretor da escola, o Eder Proença, que estudou o livro "Hiroshima e Nagasaki", do professor Marcos Reigota, e levou esse conhecimento para a unidade escolar que trabalha.

Giovanna e seus colegas ficaram impressionados com o que houve e quiseram fazer algo a respeito. "Fizemos mandalas e o jardim menor", diz. Agora, este ano o Parque ganhou contribuições das outras turmas. "Gostei muito do resultado", elogia.

Giovanna e Sofia são ex-alunas da escola mas fizeram questão de ir à inauguração do Parque que ajudam a construir - RAFAEL BADDINI/ PREFEITURAGiovanna e Sofia são ex-alunas da escola mas fizeram questão de ir à inauguração do Parque que ajudam a construir - RAFAEL BADDINI/ PREFEITURA

Outra aluna que colaborou para que tudo isso tivesse início foi a Sofia Sandmann Ramos, 11 anos, também ex-aluna. "Quisemos fazer um Parque da Paz depois que soubemos que a bomba atômica matou muitas pessoas", disse, com lágrimas nos olhos. "Colaborei plantando. Foi muito legal. Não é qualquer escola que tem essa ideia. Acho que o mundo está precisando de paz, hoje tem muito roubo, corrupção, não é certo nada disso."

Colorido especial 

A partir de agora a escola tem um colorido especial. Para os alunos, os enfeites fizeram toda a diferença. "Gostei do Torii, que é o portal de entrada, e também do jardim. Eu ajudei a colocar pedrinhas nele. As pedras são fortes, resistentes e duram muito tempo", afirma João Victor Rufino Cardoso, 7 anos, explicando sobre a simbologia de itens do Parque da Paz. "Mas não pode usar a pedra para jogar nos outros", esclareceu. Ele também fez questão de ressaltar: "O Parque serve para ter paz, não para ter briga."

João Victor, Eduardo, Murilo e Mariah - RAFAEL BADDINI/ PREFEITURAJoão Victor, Eduardo, Murilo e Mariah - RAFAEL BADDINI/ PREFEITURA

Mariah Piardi Tuzaki Barbosa, 6 anos, fez leques. "Achei bonito. Estudamos sobre a paz e fico feliz de ter ajudado."

Para Eduardo do Carmo Caxias, 6 anos, sua escola "está mais linda do que antes". "Faz muito tempo que jogaram bomba atômica, mas teve uma árvore que sobreviveu, a ginkgo biloba. Ela era tão forte como ferro e aí eles fizeram o Japão da paz", contou, sobre seu aprendizado. E não é que essa árvore faz parte do jardim? Ao contrário das outras árvores da escola, essa é uma escultura feita em aço, para simbolizar a fortaleza dessa sobrevivente.

Visitas especiais 

O diretor da escola, Eder Proença, destacou que a cerimônia de inauguração do Parque da Paz contou com a presença do orientador do seu doutorado e autor do livro que estudou, o professor Marcos Reigota, da Universidade de Sorocaba (Uniso) e também do professor Aldo Vannucchi, assessor especial da reitoria e ouvidor da Uniso, e também de membros da União Cultural e Esportiva Nipo-brasileira de Sorocaba (Ucens).

Ele conta que Reigota presenteou cada aluno do doutorado com uma foto que compõe o livro. "A que ganhei ficou para minha escola. Mostra desenhos de crianças no parque japonês. Foi a partir dela que começou tudo. Meus alunos viram, ficaram curiosos, então teve pesquisa sobre o que tem em um parque japonês, e quiseram fazer aqui."

O Parque da Paz contou com colaboração da arquiteta Ana Gabriella Mariano e do serralheiro José Luiz Antunes.