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Condephaat estuda tombamento de imóveis que contam a história da malha ferroviária

09 de Setembro de 2018 às 07:42

Condephaat estuda tombamento de imóveis que contam a história da malha ferroviária O estudo de tombamento inclui o Conjunto Ferroviário de Varnhagen, situado na Floresta Nacional de Ipanema, em Iperó, e 41 locomotivas, sendo que 17 delas pertenceram à companhia Estrada de Ferro Sorocabana (EFS). Crédito da foto: Divulgação

Equipamentos e imóveis situados na região de Sorocaba que ajudam a contar a história da eletrificação da malha ferroviária paulista poderão ser tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, o Condephaat. O órgão colegiado, subordinado à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, aprovou na semana passada, por unanimidade, a abertura de estudo de tombamento do Conjunto Ferroviário de Varnhagen, situado na Floresta Nacional de Ipanema, em Iperó, e 41 locomotivas, sendo que 17 delas pertenceram à companhia Estrada de Ferro Sorocabana (EFS).

O pedido de tombamento dos bens históricos da eletrificação ferroviária foi protocolado há dois anos pela Associação Movimento de Preservação Ferroviária do Trecho Sorocabana (MPF-Sorocabana), entidade sem fins lucrativos constituída em Sorocaba com o objetivo de fomentar ações de preservação da memória histórica da Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) e da Estrada de Ferro Elétrica Votorantim (Efev). A notificação do Condephaat, assinada pelo presidente Carlos Augusto Mattei Faggin, possui anexo com a relação das locomotivas e detalhes como modelo, ano de fabricação (de 1921 a 1984) e sua localização atual, sendo a maior parte em Bauru e Mairinque. Além de locomotivas que pertenceram à EFS, o estudo analisa o tombamento de equipamentos da Companhia Paulista de Estradas de Ferro e da Fepasa.

Não existe um prazo definido para a conclusão do estudo, mas até a decisão final, fica proibida qualquer intervenção que possa vir a descaracterizar os bens relacionados sem a autorização prévia do Condephaat. “A grande vitória, até o momento, é que com a abertura do estudo, fica impedido que o material rodante, como são chamadas as locomotivas e vagões de manutenção listados, possa ser transformado em sucata e vendido por quilo. Inclusive, um leilão desses equipamentos estava previsto para ocorrer ainda neste ano”, diz o jornalista e pesquisador Eric Mantuan, presidente da MPF-Sorocabana.

Condephaat estuda tombamento de imóveis que contam a história da malha ferroviária Além de locomotivas que pertenceram à EFS, o estudo analisa o tombamento de equipamentos da Companhia Paulista de Estradas de Ferro e da Fepasa. Crédito da foto: Divulgação

Mantuan detalha que na última década, várias associações de memória ferroviária paulistas haviam sugerido o tombamento de bens relacionados à eletrificação ferroviária ao Condephaat, mas os pedidos, até então, haviam sido negados. Junto ao novo pedido, a associação encaminhou um estudo técnico de 93 páginas, realizado com a colaboração do pesquisador Rafael Prudente Corrêa, autor do livro “Locomotivas elétricas da Companhia Paulista”, em que destaca a valorização técnica, histórica, social e estética de bens remanescentes do processo de eletrificação.

Além do Conjunto de Varnhagen - que compreende a estação, a substação elétrica e casas remanescentes da vila dos funcionários --, a MPF-Sorocabana sugeriu o tombamento da edificação da substação Pantojo, em Osasco, e da cabine seccionadora de Brigadeiro Tobias, situada em Sorocaba, no bairro de mesmo nome, que pertence ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e, segundo a entidade, está abandonado.

De acordo com o estudo, esses equipamentos foram sucateados após o desligamento do sistema elétrico, entre 2000 e 2001. “Essas edificações ficaram de fora neste primeiro momento, mas nada impede que sejam incluídas durante os estudos que serão feitos pelo corpo técnico do Condephaat”, diz Mantuan.

Já entre as locomotivas, o presidente da associação diz que o pedido visa proteger especialmente aquelas que trafegaram na região entre 1944 e 1999, em especial as que desempenharam viagens inaugurais, como a EFS 2001, usada no primeiro trecho eletrificado da Sorocabana (São Paulo Sorocaba), em 8 de dezembro de 1944. Na cerimônia na Estação Júlio Prestes, a 2001 teve a placa descerrada pelo então presidente da República Getúlio Vargas. (Felipe Shikama)

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