Startups sorocabanas desenvolvem datacenter mais eficiente e barato

Tecnologia inovadora, a Micropod utiliza meio líquido para arquivamento de dados digitais

Por Cruzeiro do Sul

Eduardo Souza e André Santos, CEOs respectivamente da Going2 e OTG, startups instaladas no Parque Tecnológico de Sorocaba pioneiras na produção de sistema de resfriamento líquido de equipamentos de informática

Instaladas recentemente no Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS), as startups sorocabanas Going2 e OTG são responsáveis pela tecnologia de inovação dos chamados datacenters, que são locais físicos que armazenam máquinas de computação e seus equipamentos de hardware relacionados. De forma simples, datacenter é a instalação que armazena os dados digitais de qualquer empresa, ou seja, contém a infraestrutura de computação que os sistemas de TI exigem, como servidores, unidades de armazenamento de dados e equipamentos de rede.

Para inovar o conceito de datacenter, as duas startups sorocabanas -- que trabalham em parceria -- criaram um sistema de arquivamento de dados digitais que utiliza meio líquido: o chamado Micropod, isto é, uma inovação que redefine o conceito de datacenter.

Segundo o CEO da OTG, André Machado, Micropod é uma solução pronta para uso, encapsulada em uma estrutura modular e compacta, projetada para atender às demandas específicas de cada cliente. “Destacando-se pela sua baixa pegada energética, este datacenter compacto é capaz de atingir uma impressionante densidade computacional de até 7 kW em um espaço reduzido. Sua rápida implantação e flexibilidade garantem uma solução ágil e adaptável às necessidades dinâmicas do ambiente de TI”, destaca.

Santos explica ainda que, na prática, o Micropod funciona por meio de resfriamento por imersão, ou seja, mergulhando completamente os componentes eletrônicos em um tanque de líquido refrigerante. “Esse líquido absorve o calor gerado pelos dispositivos, proporcionando uma forma altamente eficiente de dissipação térmica. A transferência direta de calor para o líquido elimina a necessidade de sistemas de refrigeração convencionais, como unidades de ar-condicionado, resultando em uma solução mais eficaz e econômica”, aponta.

Ainda de acordo com o executivo, o Micropod oferece condições ideais para o hardware de TI, proporcionando um ambiente otimizado para o desempenho eficiente dos servidores. “Com capacidade para acomodar até seis servidores, este modelo representa um equilíbrio perfeito entre eficiência, desempenho e praticidade para as operações de datacenters modernos”, afirma Santos, acrescentando que as startups” disponibilizam uma variedade de modelos com capacidades de servidores ainda mais robustas, variando de 50 kW a 100 kW, adequadas para implementações em alta escala”. Por conta disso, “a OTG destaca-se como uma empresa pioneira, sendo a primeira no Brasil a deter essa tecnologia inovadora”.

Para vários setores

Segundo o CEO da Going2, Eduardo Souza, o sistema de arquivamento de dados digitais que utiliza meio líquido pode ser adotado por empresas de vários setores, especialmente aquelas que dependem de alta performance de processamento e setores que dependem intensamente de datacenters para processamento e armazenamento de dados, como empresas de tecnologia, provedores de serviços em nuvem, setores financeiros, de saúde, educação e agronegócio, entre outros.

“São vários os benefícios do novo sistema, comparado às tecnologias de resfriamento não líquidas, incluindo: maior eficiência energética; menor consumo de energia devido à transferência direta de calor para o líquido; redução de espaço, permitindo maior densidade computacional e economizando espaço físico; sustentabilidade, possibilitando reúso de calor, zero desperdício de água e emissões reduzidas de carbono; custos operacionais reduzidos (menores custos de refrigeração e maior vida útil dos componentes eletrônicos), e design modular, que facilita a expansão e atualização dos data centers de forma mais eficiente”, destaca Souza.

No mundo

A tecnologia de resfriamento por imersão surgiu da necessidade de lidar com o aumento da densidade de calor nos data centers, especialmente com o desenvolvimento de processadores mais poderosos. A busca por soluções eficientes em termos energéticos levou ao desenvolvimento de métodos que utilizam líquidos como meio de resfriamento direto, eliminando os desafios associados aos métodos tradicionais.

O resfriamento por imersão já é adotado em vários países. Empresas de tecnologia e data centers nos Estados Unidos, Europa e Ásia têm implementado essa tecnologia para otimizar o desempenho, reduzir custos operacionais e atender aos requisitos de eficiência energética. (Da Redação)