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Prevenindo explosões

Explosão no abastecimento de Gás: como evitar?

Engenheiro especialista fala dos motivos e como evitar acidentes como o que aconteceu em Sorocaba, no dia 5 de dezembro

11 de Dezembro de 2021 às 19:48
Cruzeiro do Sul [email protected]
Veículo explodiu em um posto de combustível porque utilizava cilindro fora do padrão
Veículo explodiu em um posto de combustível porque utilizava cilindro fora do padrão (Crédito: Divulgação)

No domingo (5), em Sorocaba, um veículo Fiat Palio explodiu em um posto de combustível localizado no Hipermercado Extra, no Jardim Santa Rosália, ao abastecer com Gás Natural Veicular (GNV).

Segundo relatos, o cilindro localizado no porta-malas foi parar a um quarteirão de distância e o barulho, ouvido na avenida São Paulo e no Corpo de Bombeiros da avenida Dom Aguirre.

Houve uma pessoa ferida, a frentista, que foi lançada a três metros de distância e, devido ao trauma, sofreu amnésia lacunar. Ela foi encaminhada ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) com ferimentos leves.

Uma análise feita pelos técnicos da distribuidora Naturgy e da Polícia Científica mostrou que o motorista tinha dois cilindros no veículo: um de GNV (Gás Natural Veicular) e outro de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo ou gás de cozinha), instalado de forma irregular e não apropriado para o carro.

A Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba (Aeas), preocupada com essa questão, e com o intuito de alertar motoristas e profissionais que lidam com o GNV diariamente, traz aqui informações importantes para que todos os padrões sejam seguidos e os cuidados, tomados, quando o assunto é Gás Natural Veicular.

Segundo o engenheiro mecânico e de segurança Alessandro Francelino Nogueira, que também é diretor financeiro da Aeas, o uso do GNV é permitido por lei e é mais econômico, porém os usuários precisam seguir algumas regras. “O Inmetro estabelece algumas portarias que os veículos precisam cumprir para garantir uma operação segura quando estão em uso nas vias públicas. Por isso, o proprietário precisa levar o veículo para inspeções de segurança a cada 12 meses, em que são avaliados vários itens do sistema GNV, desde o reservatório, os dutos de alta pressão que transportam o combustível do tanque reservatório, até o motor do veículo, as válvulas de redução de pressão, entre outros”, explica.

O especialista afirma que, no caso do acidente ocorrido em Sorocaba, segundo relatos, havia dois cilindros. Nogueira já aponta as não-conformidades e que a inspeção deveria ter sido feita antes da colocação do cilindro de GLP. “Se passou pela inspeção anual, que é obrigatória, então essa alteração foi feita após essa inspeção. Já que supomos que a empresa que realiza a inspeção veicular possui uma autorização do Inmetro, e não se pode conceber que realizou uma inspeção veicular e autorizou esse veículo a estar com um cilindro de GLP”, aponta.

Ele complementa o motivo de o cilindro de GLP não poder ser utilizado nesse caso e que os proprietários devem ter isso em mente.

“O cilindro de GNV é abastecido no posto com a pressão entre 180 e 220 bar, ou seja, é uma pressão muito alta. Somente em comparação, a pressão que vai no pneu do nosso veículo é na ordem de 2,0 a 2,5 bar, no máximo. A pressão que abastece o cilindro de GNV é muito maior do que a pressão que suporta um cilindro de GLP, que é para uso doméstico ou uso comercial. Eles são projetados para uma pressão de abastecimento de 8 bar, ou seja, essa diferença do cilindro de GNV para GLP é, em média, 25 vezes maior, portanto, o cilindro de GLP não suporta aquela pressão do GNV! Pode dar sorte nas primeiras vezes, mas ele vai explodir. Ele pode explodir na primeira vez ou depois de algumas vezes, mas acontece. Já houve outros casos similares pelo Brasil, em alguns deixando feridos graves e mortes em decorrência da explosão no abastecimento”, explica Nogueira.

O correto é não utilizar o cilindro de GLP e fazer as devidas inspeções para que tudo esteja em conformidade e segurança.

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(crédito: Divulgação)

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