Economia
Cepal vê menor crescimento para América Latina e Brasil
Projeção de alta do PIB brasileiro em 2023 é de 0,8%, menor que média da AL
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), espera desaceleração do crescimento econômico na América Latina e no Caribe em 2023, com um avanço de 1,2% no ano. Para o Brasil, a perspectiva é de alta ainda menor, de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB).
O menor avanço da atividade econômica em outras regiões do mundo e o fraco avanço do comércio mundial, bem como altas de taxas de juros em âmbito global e turbulências financeiras recentes são alguns argumentos apontados para sustentar a estimativa. “Embora as pressões inflacionárias tenham se desacelerado, cabe esperar que as taxas de política monetária permaneçam altas durante 2023 nas principais economias desenvolvidas”, acrescenta a Cepal.
A comissão estima que todas as sub-regiões devem registrar menor crescimento em 2023 ante 2022. Para a América do Sul, a estimativa é de avanço de 0,6% em 2023 (contra 3,8% em 2022); para América Central e México, a projeção é crescimento de 2% (3,5% em 2022); Caribe (excluindo a Guiana), 3,5% (ante 5,8% em 2022).
A América do Sul deve ser afetada pela queda dos preços de produtos básicos e por limitações da política interna para impulsionar a atividade. “A alta inflação impactou a renda real e está tendo efeitos sobre o consumo privado e o investimento dos países”, afirma a Cepal. Nas economias do Caribe, a desaceleração prevista se baseia principalmente no fato de que a inflação afetou tanto a renda real e o consumo como os custos de produção, prejudicando a competitividade das exportações de bens e o turismo.
Para as economias da América Central (Cuba, Haiti e República Dominicana) e o México, embora o crescimento deste ano represente uma desaceleração em relação a 2022, houve uma revisão para cima em alguns casos, em comparação ao que a ao que a Cepal previu no fim de 2022. Isso se deu após a revisão para cima do crescimento dos Estados Unidos, principal parceiro comercial e primeira fonte de remessas de seus países, que afeta o setor externo e o consumo privado. Além disso, os menores preços da energia previstos para este ano em comparação com 2022 atuariam a favor, dado que vários países são importadores líquidos de combustíveis.
De modo geral, a comissão considera que os países da América Latina e Caribe têm mais uma vez, em 2023, espaço limitado para políticas fiscais e monetárias. Assim como no resto do mundo, a inflação na região mostra uma tendência à baixa. Apesar da possibilidade de estar próxima uma conclusão do processo de elevação de taxas em vários países da região, seus efeitos sobre o consumo privado e os investimentos se farão sentir com mais força neste ano, de acordo com o grupo. (Estadão Conteúdo)