OMS: Pandemia tem melhora no Brasil, mas risco de novos picos não está descartado
Michael Ryan, da OMS, afirmou que, apesar da queda, números continuam altos. Crédito da Foto: Divulgação / OMS
Diretor executivo da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan disse que a instituição celebra o fato de que o Brasil mostra números “estabilizando ou recuando” na Covid-19, mas destacou que eles “seguem altos”. Além disso, Ryan comentou, durante entrevista coletiva, o fato de que a desaceleração nos casos da doença “não exclui um novo pico” adianta.
O Ministério da Saúde atualizou nesta segunda-feira (12), feriado nacional, o boletim de casos de Covid-19 no Brasil. Com 201 novos óbitos registrados em 24 horas, o País soma 150.689 mortes pela doença. O número acumulado de infectados desde o início da pandemia é de 5.103.408. Ontem, a média móvel de mortes por Covid-19 no Brasil ficou em 562.
Ryan disse que há uma tendência de baixa nos casos nas Américas. Além disso, ele parabenizou as equipes na linha de frente no Brasil pelo que tem sido “uma luta muito longa” contra a doença. Mas fez um acréscimo, dizendo que fala a partir de exemplos de outras nações: “o fato de que a doença está desacelerando não significa que ela não vá ganhar força de novo”.
Com isso, a autoridade insistiu que se mantenha a vigilância, lembrando também que o País é muito grande, por isso um recuo no número geral não significa a ausência de regiões com quadros mais graves de contaminações.
Alta de casos
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou durante entrevista coletiva virtual de ontem, para o fato de que tem ocorrido um aumento do número de casos da Covid-19 pelo mundo, “sobretudo na Europa e nas Américas”. Ele também lembrou que, nos últimos dias, foram registrados recordes consecutivos de casos diários da doença pelo mundo.
“Muitas cidades e países também estão reportando um aumento nas hospitalizações e na ocupação de UTIs”, alertou Tedros, ao pedir que as nações sigam atentas aos problemas e que as pessoas mantenham as medidas já conhecidas para conter o problema. Ao mesmo tempo, ele lembrou que o quadro pelo mundo é irregular. “Quase 70% de todos os casos da Covid-19 reportados globalmente na última semana são de dez países e quase a metade dos casos vem de apenas três países”, destacou.
Em sua fala inicial, Tedros comentou a questão da imunidade de rebanho. Ele lembrou que nunca na história da saúde pública essa imunidade coletiva foi usada como estratégia para responder a um surto de doenças, “que dirá de uma pandemia”. “Isso é científica e eticamente problemático”, ressaltou. Como exemplo, disse que a imunidade de rebanho contra o sarampo requer que cerca de 95% da população esteja vacinada, com os 5% restantes protegidos pelo fato de que a doença não será disseminada entre os demais. No caso da pólio, essa porcentagem é de 80%, citou. Nesse contexto, o diretor-geral da OMS lembrou que ainda não se sabe o quão forte ou duradoura é a resposta imune à Covid-19. (Estadão Conteúdo)