Governadores e presidente debatem a crise

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Reunião foi por videoconferência e não tratou sobre medidas de isolamento. Crédito da foto: Divulgação / Governo de SP

Reunião foi por videoconferência e não tratou sobre medidas de isolamento. Crédito da foto: Divulgação / Governo de SP

Principais pontos de divergência entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores, as discussões sobre medidas de isolamento social e a retomada das atividades econômicas durante a pandemia do novo coronavírus ficaram de fora da reunião entre eles na manhã de ontem.

Com a participação dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o encontro virtual teve tom de cordialidade para discutir o impacto econômico da crise de saúde, mas pouco se falou dos quase 20 mil mortos pela Covid-19 e da curva de contaminação em ascendência.

Também não houve espaço para cobrar do governo federal a entrega de testes, respiradores e kits de equipamento pessoal. Entre os governadores, havia a expectativa que o presidente discutisse um plano de retomada econômica e anunciasse medidas efetivas, o que não ocorreu. Em conversas reservadas, líderes dos Estados reclamam que as reuniões de Bolsonaro costumam ser pouco produtivas.

Aos deixar os temas espinhosos de lado na reunião, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o último a falar, pediu paz a Bolsonaro. No último encontro virtual, em março, os dois protagonizaram um bate-boca. A hostilidade seguiu nas redes sociais. E, na semana passada, Bolsonaro pediu para empresários “jogarem pesado” contra o governador paulista pelo fim do isolamento social.

“Vamos em paz, presidente, vamos pelo Brasil e vamos juntos, que é o melhor caminho, que é a melhor forma de vencer a pandemia”, disse Doria. Bolsonaro respondeu secamente: “Senhor João Doria, obrigado pela palavras e parabéns pela posição de Vossa Excelência.”

A postura de Doria atendeu a um pedido dos demais governadores para que fosse mais comedido. O temor de parte dos chefes dos executivos estaduais era serem atraídos para uma disputa política polarizada entre Bolsonaro e Doria.

No encontro de ontem de um lado, os governadores concentraram seus pedidos na sanção e liberação imediata de recursos do projeto do socorro aos Estados e municípios. De outro, Bolsonaro pediu apoio aos chefes dos Estados para o veto ao trecho do texto que permite o aumento de servidores até 2021. O presidente prometeu sancionar o projeto com os vetos.

Maia e Alcolumbre falaram de união e do esforço do Legislativo para aprovar o projeto que destina R$ 60 bilhões aos Estados e municípios “Este é um momento histórico na reconstrução do País. Não há divisão entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Todos os poderes estão assumindo responsabilidades”, disse o presidente do Senado. (Jussara Soares - Estadão Conteúdo)