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Fiocruz aponta 18 Estados e DF com ocupação acima de 80%

03 de Março de 2021 às 00:01

Fiocruz aponta 18 Estados e DF com ocupação acima de 80% Conass pede lockdown nos Estados em que a ocupação dos leitos tenha alcançado mais de 85%. Crédito da foto: Ali Al-Daher / AFP

Dezoito dos 26 Estados estão com mais de 80% dos leitos de UTI destinados ao tratamento da Covid-19 ocupados, o que indica a iminência de um colapso generalizado do sistema de saúde do País. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) defende a adoção imediata de lockdown (fechamento do maior número possível de atividades, liberando apenas o essencial) em locais acima de 85% e um toque de recolher nacional, das 20h às 6h. Para o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, a adoção do lockdown nacional não é uma boa estratégia pois, segundo ele, o Brasil não é uma ditadura.

O alerta de ocupação e risco de falta de leitos é da pesquisadora Margareth Portela, do Observatório Fiocruz Covid-19, que faz o levantamento para o boletim quinzenal da instituição. O novo boletim completo só sairá na semana que vem. Mas a pesquisadora adiantou a informação ao Estadão, diante da gravidade da situação. No relatório da semana passada, eram 12 os Estados em alerta. Segundo a Fiocruz, trata-se da pior situação registrada desde o início da pandemia.

Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará, Tocantins, Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima têm situação mais crítica. “Sem dúvida, este é o pior momento”, afirmou Margareth Portela. “Houve momentos em que tivemos até 7 Estados na zona crítica. Com exceção dos Estados do sudeste, do Amapá, Sergipe, Alagoas e Paraíba, todos os demais estão em vermelho.”

No primeiro momento da epidemia, como lembra a pesquisadora, a situação mais grave estava restrita a Rio, São Paulo e, logo depois, ao Amazonas. “Em um segundo momento, a epidemia deu um alívio no Norte, no Nordeste e até no Sudeste, mas complicou nas Regiões Centro-Oeste e Sul”, avaliou a pesquisadora. “No momento atual, a coisa está bem mais generalizada.”

Na segunda-feira, o Conass defendeu a adoção imediata de lockdown nos Estados em que a ocupação dos leitos de Covid-19 tenha alcançado mais de 85% e um toque de recolher nacional, das 20h às 6h, em todo o País, incluindo fins de semana, além da suspensão do funcionamento das escolas para aulas presenciais. Na carta, os gestores também dizem que o Brasil enfrenta o pior momento da epidemia e criticam a falta ‘de uma condução nacional unificada e coerente‘ para a crise.

No comunicado, os gestores citam a proibição de eventos presenciais, como shows, cerimônias religiosas e eventos esportivos, a suspensão das atividades presenciais de educação no País, a adoção de trabalho remoto sempre que possível, a instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais (considerando até o fechamento de aeroportos e a suspensão do transporte interestadual), a adoção de medidas para a redução da superlotação dos transportes, além do toque de recolher nacional

Lockdown

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou ontem que um “lockdown” nacional não é a melhor estratégia para combater a pandemia de Covid-19. A justificativa do vice é de que o País não vive uma ditadura e, por isso, não há como “impor algo nacional”.

“Eu considero que isso são coisas de cada lugar, porque o Brasil é muito diferenciado, cada população tem sua característica”, disse em referência a um “lockdown” em todo o território. “Não adianta você querer impor algo nacional e aí como é que você vai fazer isso para valer, imposição? Nós não somos ditadura”, afirmou na chegada à Vice-Presidência.

“Acho que tem de haver uma campanha em todos os níveis de conscientização da população. Acho também que deveria ter alguma atitude em relação ao transporte urbano. Não acho que nenhum gestor se preocupou muito com isso aí”, disse Mourão. Para ele, contudo, a população já se “cansou” dos fechamentos.

Na visão do vice-presidente, além de uma campanha de conscientização, também é preciso acelerar o ritmo de vacinação. “Acelerando as vacinas aí a coisa anda de forma boa”, declarou. Na segunda-feira, Mourão afirmou que a vacina era a “única saída” para conter a pandemia e que outras ações eram “paliativos”. (Estadão Conteúdo)