Festa literária das periferias do Rio dará destaque para o feminismo

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A Festa Literária das Periferias (Flup), que começa amanhã (16) e vai até o próximo domingo (20) no Rio de Janeiro, conta, neste ano, a história daquelas que precisam resistir ainda mais para mostrar sua arte. Crédito da foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Festa Literária das Periferias começa nesta quarta-feira (16) e vai até o próximo domingo (20) no Rio de Janeiro. Crédito da foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Cinco dias para respirar poesia falada, literatura, debate, reflexão e performance. No centro dos holofotes, artistas mulheres negras. A Festa Literária das Periferias (Flup), que começa nesta quarta-feira (16) e vai até o próximo domingo (20) no Rio de Janeiro, conta, neste ano, a história daquelas que precisam resistir ainda mais para mostrar sua arte.

Realizada pela primeira vez no Museu de Arte do Rio (MAR), na região portuária da cidade, localidade também conhecida como Pequena África, a Flup tem como temática central neste ano o feminismo negro e a poesia falada.

A programação inclui mesas de debates sobre o papel do negro nas artes, a literatura como mobilidade social, as mulheres negras no universo do rap, a diversidade do Continente Africano, o avanço do feminismo negro no Brasil, o ativismo negro, o sexismo, a homofobia, os impactos dos conflitos socioambientais na população negra, entre outros temas.

Entre as convidadas, a nigeriana-americana Funmilola Fagbamila, uma das criadoras do movimento "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam), a jornalista francesa Audrey Pulvar, uma das principais referências atuais sobre conflitos socio ambientais, a socióloga e professora americana Patricia Hil Collins e a rapper também americana Akua Naru, além das brasileiras Conceição Evaristo, Flávia Oliveira, Ana Paula Lisboa, Cidinha da Silva, Preta Rara e muitas outras e outros.

“Não existe nada mais relevante no Brasil do que o feminismo negro. Vale lembrar que estou falando da cidade que matou Marielle Franco [vereadora negra carioca assassinada em 2018]. Num momento como esse ter mulheres negras protagonizando um festival literário. Acho de uma importância fundamental”, explica um dos fundadores da Flup, Julio Ludemir.

O evento homenageia neste ano o poeta pernambucano Solano Trindade, responsável pelo 1º Congresso Afro-Brasileiro, realizado em 1934, no Recife, e criador da Frente Negra Pernambucana e do Centro Cultural Afro-Brasileiro.

Entre as atividades de homenagem, familiares de Solano vão declamar poesias do artista, assim como estudantes do Colégio Pedro II da Unidade Engenho de Dentro. A programação inclui ainda, na noite de sábado (19), a entrega do prêmio Carolina Maria de Jesus às escritoras mineiras Ana Maria Gonçalves e Conceição Evaristo. A premiação reconhece o papel de pessoas que transformaram ou tiveram a vida transformada pela literatura.

Uma das marcas da Flup, a batalha mundial de poesia falada, o Rio Poetry Slam, que está na 6ª edição, neste ano contará apenas com participantes mulheres negras, tanto nas batalhas nacionais quanto nas internacionais, com competidoras de 14 países. Durante os cinco dias de encontro, as batalhas de poesia falada acontecem das 14h às 22h. A grande final será no domingo (20), às 20h.

A festa Literária das Periferias foi realizada pela primeira vez em 2011 e já recebeu 700 autores nacionais internacionais. Em edições anteriores, a festa foi realizada em comunidades como em comunidades como o Morro dos Prazeres, Vigário Geral, Mangueira, Babilônia e Vidigal. A programação completa, totalmente gratuita, pode ser conferida pelo site. (Raquel Júnia - Agência Brasil)

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