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‘Estrela de Belém’, conjunção de planetas poderá ser vista nesta segunda (21)

19 de Dezembro de 2020 às 16:49

Gráfico produzido pela agência espacial norte-americana (Nasa) detalha fenômeno. Créditos: NASA / JPL-Caltech

 

Atualizado às 19h02 - Fenômeno celeste apelidado de “estrela de Belém”, o alinhamento de Júpiter e Saturno — os maiores planetas do sistema solar — poderá ser visto na próxima segunda-feira (21) a olho nu, no anoitecer, de todas as partes do planeta Terra.

Doutor em Astronomia e pesquisador colaborador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), do Ministério da Ciêencia, Tecnologia e Inovações (MCTI), o professor Oscar Toshiaki Matsuura explica que o termo técnico mais adequado para este fenômeno é conjunção. “Na verdade, não é nada mais que a aproximação aparente entre dois astros”, assinala, reconhecendo que o fenômeno chama mais a atenção por se tratar de dois planetas visíveis a olho nu e brilhantes: Júpiter e Saturno.

Ele destaca que se trata de uma aproximação aparente, já que não se trata de uma aproximação de dois planetas no espaço e sim de uma aproximação angular do ponto de vista de observadores que estão na Terra. “Por outras palavras, trata-se de um efeito de perspectiva”, explica.

Nos últimos dias, diversas postagens na internet dão conta de que os últimos registros que se tem deste fenômeno, cujo nome faria alusão ao Natal, nascimento do menino Jesus para os cristãos, datam de 1623 e 1226, por isso, seria considerado um fenômeno raríssimo.

Matsuura pondera que a conjunção de Júpiter com Saturno se repete, em média, a cada 20 anos, portanto não é um fenômeno que possa ser chamado raro. No entanto, ele reconhece que a raridade desta conjunção reside na grande aproximação dos dois planetas desta vez. A aproximação máxima será no dia 21, com cerca de 6’ (6 minutos de arco), sendo que cada minuto é um ângulo igual a 1/60 do grau, e cada grau é 1/360 do círculo. A título de comparação, 6’ equivale a 1/5 do diâmetro da Lua Cheia. “Algo assim no passado ocorreu em 1623”, afirma.

O pesquisador considera a associação desse fenômeno com a Estrela de Belém uma “forçação de barra”, uma vez que a data das conjunções não se relaciona com a data do Natal, podendo ocorrer em qualquer época do ano. “Mas existe, sim, uma associação histórica quando a interpretação (ou decifração) de textos sagrados tinha maior importância, ou quando o pensamento astrológico ocupava maior espaço”. Ele destaca que, no passado, os astrônomos faziam estudos para entender qual seria a natureza da suposta Estrela de Belém, tendo sido sugerido que poderia se tratar de uma conjunção, ou de um cometa, ou da explosão de uma supernova, entre outros possíveis eventos astronômicos. “Nada ficou resolvido. Hoje em dia eu entendo que essa discussão já se esgotou, e só será retomada se aparecer algum fato novo relevante”, relata.

A conjunção, que já está em curso há algumas semanas e terá seu ápice no dia 21, pode ser vista a olho nu a partir das 19h, logo após o pôr do sol. “O observador interessado deverá se voltar para o Oeste, obviamente onde o céu esteja desimpedido. Júpiter e Saturno estarão mais ou menos na posição média entre o Sol que acabou de se esconder no horizonte e a Lua, em quarto-crescente, bem alta no céu. Mas o fenômeno poderá ser observado em situação similar dias antes, assim como dias depois”, completa o pesquisador. (Felipe Shikama)