Deltan deixa a Lava Jato e força-tarefa será prorrogada

Por

Dallagnol estava a frente da força-tarefa desde 2014 Crédito da foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

O procurador da República Deltan Dallagnol anunciou ontem a saída do comando da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba. Os investigadores sediados na capital paranaense formam o grupo original da operação que levou à prisão e ao banco dos réus alguns dos mais poderosos nomes do Executivo e do Legislativo no País. Deltan estava à frente da força-tarefa desde o início das investigações, em 2014, e alegou motivos pessoais para deixar a equipe. Nos últimos tempos, enfrentou pressões, sofreu desgaste e teve uma queda de braço com o procurador-geral da República, Augusto Aras, ficando a um passo de perder o posto.

Após o anúncio de Deltan, houve uma investida de parte do Ministério Público para defender a solidez e a continuidade dos trabalhos da Lava Jato. A subprocuradora Maria Caetana Cintra dos Santos, do Conselho Superior do Ministério Público Federal, prorrogou por um ano a força-tarefa em Curitiba, em uma decisão liminar que contraria a cúpula da Procuradoria-Geral da República.

Composto por 14 procuradores de primeira e segunda instância, o grupo de investigação tinha funcionamento garantido apenas até o dia 10 de setembro. A decisão da subprocuradora foi criticada e contestada por aliados de Aras.

O substituto de Deltan será o procurador Alessandro José Fernandes de Oliveira, que defendeu a continuidade dos trabalhos da força-tarefa.

Motivo pessoal

Em vídeo postado no Twitter, Deltan justificou sua saída afirmando que precisa agora se dedicar à família, já que sua filha está passando por tratamento médico. Recorreu à mesma frase usada pelo ex-juiz da Lava Jato na capital paranaense Sérgio Moro ao deixar o Ministério da Justiça, em abril.

“Vou estar à disposição do Brasil”, afirmou, destacando que continuará a “lutar contra a corrupção como procurador e como cidadão”. “A Lava Jato tem muito a fazer e precisa do seu e meu apoio”. (Estadão Conteúdo)