Cidades do interior paulista pensam em ‘furar’ fase vermelha

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Bauru tem 407 óbitos e os leitos de UTI apresentam 108% de ocupação. Crédito da foto: Divulgação / Famesp

Bauru tem 407 óbitos e os leitos de UTI apresentam 108% de ocupação. Crédito da foto: Divulgação / Famesp

Algumas cidades do interior paulista buscam alternativas para não cumprir integralmente o aumento de restrições determinado pelo Estado de São Paulo. O governador João Doria (PSDB) anunciou que as 645 cidades paulistas devem ficar na fase vermelha do Plano São Paulo por 14 dias a partir deste sábado (6), com funcionamento apenas de serviços essenciais e restrição de circulação a partir das 20h.

A prefeitura de Franca estuda medidas judiciais para manter o município na fase laranja. Já o prefeito de Mirandópolis, Everton Sodario (PSL), usou as redes sociais para criticar o governador e deixar claro que não pretende seguir as medidas.

O município de Franca, no nordeste do Estado, esteve por um mês na fase vermelha até, nesta semana, retornar para a laranja. Segundo a assessoria, o prefeito Alexandre Ferreira (MDB) considera que o município não tem indicativos para retornar à fase vermelha e só deve cumprir a determinação do Estado se não encontrar meios judiciais de reverter a decisão.

Em Mirandópolis, a 595 km da capital, o prefeito Everton Sodario (PSL) se manifestou pelas redes sociais. “Mirandópolis não aceita lockdown, não aceita fechamento do comércio, Mirandópolis defende o direito à liberdade e ao trabalho”, escreveu no Facebook. Ele também afirmou que a fiscalização age constantemente para o cumprimento de medidas sanitárias.

No Twitter, Sodario foi além e se referiu, com letras maiúsculas, ao governador como “canalha”. De acordo com o site da prefeitura, o município de 30 mil habitantes próximo à divisa com o Mato Grosso do Sul tem 17 óbitos, 1031 casos confirmados e 1317 casos suspeitos de Covid-19. Sodario não retornou o contato da reportagem.

A prefeitura de Ribeirão Preto, município de 711 mil habitantes que acumula 1.253 óbitos -- incluindo nove nas últimas 24h --, deve passar a cumprir a fase vermelha. Em entrevista coletiva na quarta-feira (3), o secretário de Saúde, Sandro Scarpelini, reconheceu que o município voltou a ter indicativos de fase vermelha. Até ontem (5), a cidade se dizia na fase laranja, pois na última semana não aceitou regressão para a fase vermelha por ter considerado que na ocasião os índices eram equivalentes à fase laranja. Academias e salões de beleza foram considerados essenciais pelo município.

Esses serviços também funcionam em Bauru, no centro-oeste, que acumula 407 óbitos e os leitos de UTI na região apresentam 108% de ocupação. A prefeita Suellen Rosim (Patriota), apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, ainda não resolveu se vai cumprir integralmente as medidas determinadas pelo Estado.

Marília, que tem alta no número de mortes, deve aceitar a volta à fase vermelha. “Depois de diversas tentativas de flexibilizar as fases do Plano São Paulo, pensando na saúde dos marilienses e ao mesmo tempo na economia da cidade, infelizmente por orientações, decisões e determinações (sujeito aplicação de multas) do Ministério Público e do Tribunal de Justiça, vai ter que seguir o Plano São Paulo”, afirmou a administração municipal.

Araraquara, que tem taxa de ocupação em UTI em menos de 100% pela primeira vez em 15 dias, e Campinas, em que a taxa de ocupação também está em 90%, seguirão as determinações da fase vermelha do Plano São Paulo, adotando medidas ainda mais rígidas, como suspensão das aulas presenciais. (Everton Sylvestre - Estadão Conteúdo)