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Bolsonaro é o primeiro paulista eleito presidente em 88 anos

29 de Outubro de 2018 às 07:26

Ontem, após votar no segundo turno no Rio. Foto: Carl de Souza / AFP

Capitão da reserva do Exército Brasileiro, Jair Messias Bolsonaro foi eleito neste domingo (28) o presidente da República pelos próximos quatro anos. Ele nasceu em 21 de março de 1955 em Glicério, pequeno município no noroeste do Estado de São Paulo, filho de Percy Geraldo Bolsonaro e de Olinda Bonturi, mas foi registrado dias depois em Campinas, onde morava grande parte de sua família de imigrantes italianos e alemães. O nome Jair é uma homenagem a Jair Rosa Pinto, meia-esquerda da seleção brasileira de futebol que fazia aniversário naquele dia e jogava no Palmeiras, time do qual seu pai Percy era torcedor. Inicialmente, chamar-se-ia apenas Messias Bolsonaro porque sua mãe, após uma gravidez complicada, atribuía a Deus o milagre do nascimento do filho.

Em sua infância, morou em diversas cidades paulistas. Nos primeiros anos de vida, sua família mudou-se para Ribeira. Após alguns anos, em 1964, a família foi residir em Jundiaí. Em 1965, mudaram-se para Sete Barras. Finalmente, em 1966, foram morar em Eldorado, no Vale do Ribeira, onde Jair cresceu junto com seus cinco irmãos.

Bolsonaro é descendente de imigrantes italianos e alemães. Pelo lado materno, Bolsonaro tem ascendência integralmente italiana, e seus avós eram de Luca, na Toscana. Pelo lado paterno, é bisneto de italianos do Vêneto e da Calábria, tendo também um bisavô originário de Hamburgo, na Alemanha. A grafia original do sobrenome era Bolzonaro.

Bolsonaro foi casado com Rogéria Nantes Nunes Braga, vereadora da capital fluminense em 1992 e 1996 e com quem teve três filhos: Flávio (deputado estadual do Rio de Janeiro pelo PSL e comandante da legenda no Estado), Carlos (vereador da cidade do Rio de Janeiro) e Eduardo (deputado federal de São Paulo também pelo PSL). De seu segundo casamento, com Ana Cristina Valle, teve Renan. Em 2007, conheceu sua atual esposa, Michelle de Paula Firmo Reinaldo, quando ela era secretária parlamentar na Câmara dos Deputados. Com Michelle, o deputado teve a sua primeira filha, Laura. A família mora em um condomínio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Bolsonaro em 1986, ano em que foi preso, quando servia no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista. Foto: Arquivo JCS

Carreira militar

Bolsonaro se interessou pelo Exército aos 15 anos, quando ele e amigos viram a atuação de soldados que perseguiam o grupo de Carlos Lamarca no Vale do Ribeira, que tentava treinar guerrilheiros contra a ditadura militar. Ingressou na Academia Militar de Agulhas Negras em 1973 e formou-se em 1977. No final de seu último ano de academia se especializou em paraquedismo. Após concluir o curso, foi servir como aspirante a oficial em São Cristóvão, Rio de Janeiro e de 1979 a 1981 serviu em Nioaque (MS). Em 1982, cursou a Escola de Educação Física do Exército e foi servir no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista em Deodoro, Rio de Janeiro. Em 1987, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO).

Na política

Em 1988, Bolsonaro entrou na vida pública elegendo-se vereador da cidade do Rio de Janeiro pelo Partido Democrata Cristão (PDC). Assumiu seu mandato em 1989, ficando apenas dois anos na Câmara Municipal. Bolsonaro mostrou-se um vereador discreto e pouco participativo. Seu mandato foi usado principalmente para dar visibilidade às causas militares.

Nas eleições de 1990, elegeu-se deputado federal, também pelo PDC. Viriam em seguida outros seis mandatos sucessivos. Além do PDC, foi filiado a outros oito partidos ao longo de sua carreira política: PPR (1993-95), PPB (1995-2003), PTB (2003-2005), PFL (2005), PP (2005-2016), PSC (2016-2017) e o PSL (2018).

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, em 26 anos de atividades no Congresso, Bolsonaro apresentou 171 projetos de lei, de lei complementar, de decreto legislativo e propostas de emenda à Constituição (PECs), sendo relator de 73 deles. Segundo a Agência Lupa -- que dá o número total de projetos como 172 -- há 470 outras proposições apresentadas pelo deputado, mas estas não são projetos de lei: tratam-se de emendas a processos em comissões, indicações de autoridades para que prestem informações em casos analisados pela Câmara, e mensagens e manifestações em plenário.

Em 1990, durante mandato como vereador. Em outubro do mesmo ano, seria eleito deputado federal. Foto: Luiz Pinto / Agência O Globo (4/8/1986)

O parlamentar conseguiu aprovar dois projetos de lei e uma emenda: uma PEC que prevê emissão de recibos junto ao voto nas urnas eletrônicas e uma proposta que estende o benefício de isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados para bens de informática e outra que autoriza o uso da fosfoetanolamina, substância que ficou conhecida no Brasil como “pílula do câncer”.

Bolsonaro foi o autor de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê que o Sistema Único de Saúde realize cirurgias de laqueadura e vasectomia em maiores de 21 anos que desejarem realizar o procedimento.

O parlamentar

Nas eleições de 2010, Bolsonaro obteve cerca de 120 mil votos, sendo o 11º deputado federal mais votado do Estado do Rio. Reelegeu-se em 2014, como o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro com 464.572 votos. Em fevereiro de 2017, Bolsonaro concorreu pela terceira vez ao cargo de presidente da Câmara dos Deputados, obtendo apenas quatro votos. Ele já disputara o mesmo cargo em 2005 e 2011, tendo sido derrotado em todas essas tentativas. Em 2017, foi considerado pelo instituto FSB Pesquisa o parlamentar mais influente nas redes sociais.

Bolsonaro foi o primeiro candidato à presidência a alcançar o valor de R$ 1 milhão em doações para campanha eleitoral por meio do financiamento coletivo. O valor foi alcançado após 59 dias do início da campanha de arrecadação, em 5 de julho, arrecadando-se em média R$ 17 mil por dia. (Da Redação)

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