Babá admite que mentiu e diz que Jairinho agredia Henry
Encoberta, a babá Thayná deixa a 16ª DP, na Barra. Crédito da foto: Mauricio Almeida / AM Press & Images / Estadão Conteúdo
A babá Thayná de Oliveira Ferreira, que cuidou do menino Henry Borel, de 4 anos, morto em 8 de março com sinais de espancamento, afirmou à polícia que em três ocasiões o menino relatou ter sido agredido pelo vereador carioca Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho.
As agressões, declarou Thainá, ocorreram em fevereiro, no apartamento em que o político, de 43 anos, vivia na Barra da Tijuca, na zona oeste, com a mãe da criança, a professora Monique Medeiros. A depoente disse que não testemunhou os episódios, mas ouviu relatos de Henry e constatou depois que ele tinha lesões pelo corpo.
Ao longo de mais de oito horas de depoimento, encerrado na madrugada de ontem (13), Thayná admitiu ter mentido em suas primeiras declarações no inquérito na 16ª DP (Barra da Tijuca), em 24 de março. Afirmou ter agido assim por ter medo de Jairinho e também por orientação de Monique e do advogado que defendia o casal.
Também contou que apagou conversas de WhatsApp, que mantivera com Monique, relatando as agressões e lesões de Henry. Segundo a babá, Monique nunca tomou providências para coibir as agressões. Ela e o namorado, disse, brigavam, mas rapidamente se reconciliavam.
“Por ter visto o que Jairinho tinha feito contra uma criança, (a babá) ficou com medo de que algo pudesse acontecer com ela própria”, registrou a polícia.
Thayná trabalhou para o casal por 47 dias. Henry teria sido agredido, segundo a babá, por Dr. Jairinho em cômodos fechados e trancados por dentro. Uma vez, uma televisão estava ligada com volume alto. Por isso, ela não viu nem ouviu nada.
Dias depois das agressões, Monique foi a uma psicóloga e deixou Henry e a babá na casa da mãe, Rosângela. Thayná então contou à avó sobre as agressões que o menino relatara. Rosângela ficou assustada e indagou se Henry estava mentindo. A babá respondeu que não, já que havia lesões comprovando as agressões. Em depoimento à polícia, a avó não contou que tivesse sabido de agressões ao neto.
A babá disse à polícia que soube da morte de Henry por uma irmã de Jairinho, Thalita, que lhe telefonou no dia 8 de março. Thayná ficou surpresa, mas Thalita não entrou em detalhes. A babá logo associou a morte às agressões que o menino sofria.
O advogado André França Barreto afirmou que o casal, preso na semana passada por determinação da Justiça, sob acusação de atrapalhar as investigação, contesta as acusações. Sustenta que os dois são inocentes. A reportagem não conseguiu falar com os defensores de Dr. Jairinho e de Monique nesta terça. (Estadão Conteúdo)