Tecnologia a favor da saúde: inovações garantem alimentos mais seguros e sustentáveis

Ferramentas digitais ampliam a rastreabilidade, preservam alimentos e fortalecem a confiança entre indústrias e consumidores

Por Senhor Tanquinho

As tecnologias da Indústria 4.0 têm transformado a rastreabilidade dos alimentos, como aponta o estudo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV- EAESP) que analisou o impacto de sete soluções nesse setor: blockchain, internet das coisas (IoT), Big Data, QR Code, etiquetas de radiofrequência (RFID), GPS e código de barras.

 

De acordo com a pesquisa, essas ferramentas, quando aplicadas a diferentes elos da cadeia alimentar, trazem valor para o setor ao promover confiança, sustentabilidade, controle de qualidade, automação e resposta rápida a riscos sanitários. Setores como o de pescados, vinhos e orgânicos são os mais beneficiados por essas soluções.

 

O uso do QR Code em embalagens, por exemplo, permite que o consumidor tenha acesso a informações detalhadas sobre a procedência, a validade e as condições de transporte e armazenamento do produto, além de dados sobre práticas ambientais e sociais da empresa.

 

Já o blockchain é uma tecnologia que ajuda a garantir a integridade dessas informações, tomando os registros imutáveis e transparentes para todos os agentes da cadeia de suprimentos, reduzindo riscos de fraude e aumentando a credibilidade. Enquanto isso, o RFID, possibilita rastrear insumos e mercadorias em tempo real por meio de etiquetas eletrônicas, otimizando a logística e diminuindo perdas.

 

Esse movimento também responde ao comportamento de um consumidor mais consciente e exigente. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as pessoas têm dados mais atenção ao valor nutricional, à forma de processamento, à conservação e ao transporte dos alimentos que chegam à mesa.

 

O Sebrae ressalta que qualidade e segurança são indispensáveis em qualquer produto, mas no setor alimentício, as normas são ainda mais rígidas, já que qualquer falha pode ter consequências diretas na saúde dos consumidores.

 

Além das tecnologias destacadas pelo estudo da FGV EAESP, o Sebrae elenca outras soluções que otimizam o setor. Entre elas, os sistemas integrados, também conhecidos como ERP (Enterprise Resource Planning), que centralizam informações de diferentes áreas da empresa em um único lugar

 

Entre os principais benefícios do ERP para indústria de alimentos estão: a gestão de estoque, o controle dos processos produtivos e a manutenção preventiva de equipamentos.

O software também auxilia na redução de perdas ao monitorar prazos de validade e na gestão de pessoas, com dados que permitem identificar gargalos de produtividade e melhorar a organização das equipes.

 

Um dos exemplos de sistemas de gestão empresarial é o Nomus ERP Industrial, que possibilita controlar a produção e os demais setores da fábrica em um software em nuvem, com relatórios de chão de fábrica, interface intuitiva e sistema customizável. Também estão entre os sistemas ERP nomes como TOTVS, Linx, SAP e Oracle ERP Cloud.

 

O Sebrae destaca, ainda, outras tecnologias que vêm sendo desenvolvidas e aplicadas com foco na preservação de alimentos, como o uso do pulso elétrico, que possibilita fazer pequenas alterações de sabor e nutrientes, eliminar microrganismos e inativar enzimas.

O aquecimento ôhmico, por sua vez, é utilizado na pasteurização ou esterilização de alimentos líquidos e refeições prontas, enquanto o infravermelho ajuda na classificação de alimentos e na detecção do teor de proteínas, gorduras e umidade.

 

Desafios para a adoção das tecnologias

Apesar dos avanços na rastreabilidade de alimentos e no uso das tecnologias da Indústria 4.0, a pesquisa realizada na FGV EAESP mostra que ainda há barreiras para a expansão dessas soluções.

 

Entre os principais entraves estão os custos elevados de equipamentos e capacitação, a falta de padronização que dificulta a integração entre diferentes sistemas e regiões, além da  resistência interna de empresas, muitas vezes motivada pelo desconhecimento ou pelo receio de perder o controle das informações.

Para os pesquisadores, a superação desses desafios depende de políticas públicas, parcerias entre companhias e incentivos fiscais que estimulem a adoção das novas tecnologias, como subsídios para a instalação de dispositivos IoT.


Também é ressaltado o papel da pesquisa no desenvolvimento de soluções adaptáveis e acessíveis, além da disseminação de conhecimento e treinamentos voltados para diferentes agentes da cadeia, principalmente os mais vulneráveis.