Mitos e verdades sobre o câncer de mama

Especialistas explicam o que é verdade sobre a doença

Por Senhor Tanquinho

O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil, com estimativa de mais de 73 mil novos casos por ano, conforme informações divulgadas pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Apesar de comum, o que não faltam são dúvidas, suposições e desinformação sobre a doença.

 

Em meio a muitos mitos, saber separar o que é fato do que é fake faz toda a diferença, especialmente quando decisões de saúde estão em jogo. Autoridades de saúde esclarecem o que é verdade e o que é mentira sobre os fatores de risco, estágios, tratamentos e sintomas de câncer de mama

Só tem câncer de mama quem possui histórico familiar 

Mito. Há uma falsa ideia de que apenas pessoas com histórico familiar de câncer de mama podem desenvolver o tumor. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) desmente.

 

Conforme explica a OMS, o histórico familiar é um fator de risco para muitas doenças oncológicas, mas não é o único. Inclusive, boa parte das pessoas diagnosticadas com câncer de mama não apresentam nenhum caso na família. 

 

Certas mutações genéticas hereditárias podem aumentar o risco da doença, sendo as mutações nos genes BRCA1, BRCA2 e PALB-2 as mais dominantes. Mas, além disso, a OMS pontua que a idade avançada, a obesidade, o uso nocivo de álcool, o histórico à exposição a radiação, o histórico reprodutivo (como idade do início da menstruação e idade da primeira gravidez), o tabagismo e a terapia hormonal pós-menopausa também são fatores de risco. 

Apenas mulheres podem ter câncer de mama 

Mito. O câncer de mama é uma doença bastante comum no público feminino, sendo o segundo tipo com maior incidência entre as mulheres, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), mas ela não se restringe a essa parcela da população.

 

Segundo a OMS, a doença também pode atingir os homens, pois eles possuem tecido mamário e hormônios femininos que podem favorecer o desenvolvimento da doença. A condição no público masculino é, entretanto, rara, representando de 0,5 a 1% dos casos. 

Fazer o autoexame não anula a necessidade de mamografia

Verdade. O autoexame é uma prática recomendada por ginecologistas e demais profissionais da área da saúde para conscientizar as mulheres a conhecerem melhor o próprio corpo e identificarem possíveis alterações, mas ele sozinho não consegue detectar tumores em estágios iniciais. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) alerta sobre a importância do autoexame, mas destaca a relevância da mamografia e demais avaliações. 

 

De acordo com a SBM, a mamografia é o único procedimento capaz de identificar lesões muito pequenas, como o carcinoma in situ, que é 100% curável quando diagnosticado precocemente.

 

Por meio da mamografia, é possível detectar pequenas alterações que não são visíveis no ultrassom e nem perceptíveis no autoexame. A recomendação da SBM é que mulheres iniciem os exames de rastreamento a partir dos 40 anos, ou antes, se houver histórico familiar da doença.

Descobrir um caroço no seio significa a presença do câncer de mama 

Mito. Descobrir um caroço no seio não significa, necessariamente, que a pessoa está com câncer de mama. Embora o surgimento de um nódulo possa ser um dos sinais da doença, o Ministério da Saúde explica que a maioria dos caroços nas mamas são benignos, especialmente em mulheres mais jovens.

 

Ao encontrar um caroço no seio, o mais importante é não entrar em pânico, mas buscar avaliação médica o quanto antes para uma investigação adequada. O diagnóstico precoce, quando necessário, faz toda a diferença no sucesso do tratamento. 

 

Além disso, também é importante estar atento aos outros sinais da doença: alterações na pele da mama, mudanças no formato ou posição do mamilo, saída de secreção, coceira persistente, formação de crostas ou feridas e inchaço também são indícios da doença, de acordo com o Ministério da Saúde. 

Para tratar o câncer de mama é preciso fazer apenas a quimioterapia 

Mito. A quimioterapia é um dos principais tratamentos em casos de doenças oncológicas, como o câncer de mama, mas nem sempre é o único protocolo indicado. Há, ainda, cirurgia, radioterapia, terapia hormonal, terapias alvo e imunoterapia. Cada tratamento funciona de uma forma e pode ser utilizado de forma individual ou combinada. 

 

De acordo com a OMS, a abordagem escolhida para tratar o câncer é multimodal e personalizada, variando conforme o tipo de tumor, o estágio da doença, o perfil molecular e as condições clínicas do paciente.

 

Conhecer o que é radioterapia e os outros protocolos é essencial para os pacientes que estão enfrentando a doença, pois permite que eles participem ativamente das decisões sobre a própria saúde, compreendam melhor o que está enfrentando e aumentem suas chances de sucesso no tratamento.

Próteses de silicone nos seios causam câncer

Mito. Há pessoas que acreditam que a prótese de silicone pode favorecer o surgimento da doença, mas isso não é verdade. A cirurgiã plástica e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) Karina Gilio afirma, em entrevista à imprensa, que não existe nenhum relato de que a prótese de silicone cause câncer de mama. 

 

Ela também esclarece que o uso do implante não interfere na realização de exames como mamografia ou ultrassonografia, desde que o técnico seja informado sobre a presença da prótese para ajustar o equipamento adequadamente.

Reposição hormonal provoca câncer de mama

Verdade. A reposição hormonal não provoca câncer de mama diretamente, mas pode aumentar o risco em determinadas situações. Por isso, deve ser sempre prescrita e acompanhada por um especialista. 

 

Em entrevista à imprensa, a oncologista Juliana Beal informa que a terapia de reposição hormonal (TRH) é importante para muitas mulheres, pois alivia os sintomas da menopausa, como ondas de calor, insônia e perda de libido. 

 

No entanto, ela alerta que alguns tipos de câncer de mama são hormônio-dependentes, ou seja, crescem em resposta à presença de estrogênio e progesterona no organismo. Por isso, a reposição desses hormônios pode estimular o crescimento de células tumorais em mulheres predispostas.

A amamentação ajuda a prevenir o câncer de mama

Verdade. A amamentação é uma prática recomendada por autoridades de saúde, pois além de oferecer alimento para o bebê, promove benefícios para as mulheres, sendo a prevenção do câncer de mama um deles. 

 

De acordo com o Inca, durante a amamentação, os níveis de hormônios como o estrogênio, que pode estimular o crescimento de células cancerígenas, diminuem significativamente. Além disso, o processo de amamentar promove a eliminação e renovação de células mamárias, o que reduz a chance de que células com mutações genéticas se desenvolvam em tumores