SAF balança

Parecer do Conselho Fiscal do São Bento deve enterrar negociação com o Grupo Convocados; investidores não comprovaram capacidade financeira

Por Cruzeiro do Sul

Vinícius Rostelato é presidente do Conselho Fiscal, enquanto Rodolfo Kussarev representa os interessados: ambos desconversaram sobre o impasse

O projeto para transformar o São Bento em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) corre sério risco de desabar antes mesmo da assembleia de sócios marcada para sábado (15). O Conselho Fiscal do clube deve recomendar a rejeição da proposta apresentada pelo Grupo Convocados, após constatar a ausência de documentos essenciais, entre eles, comprovantes da capacidade financeira para arcar com o investimento prometido.

O parecer deve ser divulgado em breve e, caso seja confirmado, praticamente inviabiliza a votação do fim de semana. O Conselho Deliberativo também não foi informado oficialmente sobre o conteúdo do documento e, diante do impasse, convocou uma reunião para a noite de hoje (13), no CT Humberto Reale. A ideia é alinhar os próximos passos e evitar novo desgaste político interno.

O Conselho Fiscal é formado por Vinícius Rostelato (presidente), Paulo Alex Pantojo (vice), Bruno Oliveira Petrucci (secretário) e Teófilo José Negrão Duarte (1º suplente). Desde o início de outubro, o grupo analisa os materiais encaminhados pelos investidores e aguarda os que ainda não foram enviados, condição para a continuidade das tratativas.

O Grupo Convocados reúne nomes conhecidos do mercado esportivo: o economista Cesar Grafietti, especialista em finanças do futebol; o ex-zagueiro Roque Júnior, campeão mundial com a seleção brasileira em 2002; e o empresário Rodolfo Kussarev, com experiência no setor financeiro. O trio já participou de estudos e negociações para estruturação de SAFs em outros clubes e defende modelos sustentáveis de gestão e investimento de longo prazo.

Rodolfo Kussarev, quem trouxe a proposta a Sorocaba, foi procurado pelo Cruzeiro do Sul e se limitou a dizer que os advogados de ambas as partes (Grupo Convocados e São Bento) “estão se conversando porque há alguma divergência sobre a convocatória”. No entanto, não explicou o que seria essa divergência.

Já o presidente do Conselho Fiscal, Vinícius Rostelato, alega que “o processo é com o [Conselho] Deliberativo”, não dando nenhum detalhe a mais.

A proposta

A proposta do Grupo Convocados ao São Bento previa aporte de R$ 30 milhões ao longo de dez anos, com o grupo passando a deter 90% das ações da SAF. O clube manteria 10%, além de assentos nos conselhos Administrativo e Fiscal. O contrato também previa limite de endividamento de curto prazo, preservação do nome, escudo e cores, exclusão do Complexo Humberto Reale da negociação e repasse mensal ao clube, variando de R$ 15 mil em 2026 a R$ 5 mil entre 2030 e 2035, corrigidos pelo IPCA.

Os investidores estimavam movimentar R$ 140 milhões em receitas e despesas no período, com foco em profissionalizar o futebol e ampliar as fontes de arrecadação. Sem as garantias exigidas, porém, o projeto deve ficar apenas no papel e o São Bento, ao que tudo indica, seguirá em campo sob o mesmo modelo associativo que tenta superar os limites do amadorismo administrativo.

O que pode acontecer?

Mesmo diante das divergências e do provável parecer desfavorável a ser emitido pelo Conselho Fiscal, há sócios e conselheiros que, ainda assim, pretendem aprovar a SAF na assembleia geral de sábado. Eles entendem que o clube sorocabano ficaria em situação melhor nas mãos do Grupo Convocados.

Por outro lado, há outros conselheiros que começaram a se movimentar e pretendem, inclusive, contatar Rodrigo Pastana, ex-superintendente de futebol do Guarani, que também apresentou a proposta para transformar o São Bento em SAF e, na ocasião, perdeu para o Grupo Convocados por 10 votos a 9. (Marcelo Macaus / Thaís Marcolino)