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Puma: uma paixão que sobrevive há décadas

Em Sorocaba, um grupo de entusiastas do automobilismo se reúne para dividir as histórias com o veículo

27 de Abril de 2024 às 23:43
Vanessa Ferranti [email protected]
Veículo esportivo brilhou na década de 70; era um sonho de muitos
Veículo esportivo brilhou na década de 70; era um sonho de muitos (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO 21/04/2024)

Enquanto o mundo pensa em novas tecnologias, há quem prefira preservar os tesouros do passado: os carros clássicos. Para os apaixonados por essas relíquias sobre rodas, cada modelo conta uma história e traz sentimentos de nostalgia. Em Sorocaba, há cerca de 20 anos, um grupo se reúne para compartilhar de uma mesma paixão: o Puma. Seja nos eventos ou nas estradas, o veículo esportivo, muito famoso na década de 70, após anos de sua criação, insiste em aparecer e gera curiosidade por onde passa.

Estefano Barduc, de 60 anos, faz parte do Puma Clube Sorocaba e é um dos amantes do veículo. A admiração pelo automóvel não começou hoje. Emocionado, o aposentando revela que adquirir um Puma sempre foi um sonho de criança. “Quando éramos jovens, de esportivo, era o que tinha de melhor na época. Tem gente que conseguiu ter esse tipo de carro na ocasião, que era caríssimo, e quem não conseguiu, depois de um certo tempo, começou a comprar esses carros novamente, restaurar, então, é sonho de infância”, contou.

Atualmente, ele compartilha a paixão com dezenas de pessoas, que se tornaram amigas, unidas pelo mesmo propósito. “Esse clube existe desde 2007 aproximadamente. Eu estou nele há seis anos. O pessoal que gosta deste tipo de carro começou a se juntar, fazer amizade, começou a ir em alguns lugares, fazer o encontro dos carros e foi aumentando cada vez mais o grupo”, lembra.

Hoje, em Sorocaba, o clube tem em torno de 80 pessoas. O grupo realiza eventos beneficentes na cidade e também viaja, fazendo integração com clubes de outras regiões. “Tem os outros grupos em Campinas, Jundiaí, São Paulo, ABC, e quando há uma oportunidade, nos unimos com os outros grupos também, inclusive, até fora de São Paulo, como Curitiba, Santa Catarina, então, além desses encontros aqui na região, fazemos viagens, é uma legião de amigos”, explicou Estefano.

O evento mais recente realizado em Sorocaba aconteceu no dia 21 de abril e reuniu aproximadamente 80 Pumas. Edyl de Campos Junior, de 57 anos, é da cidade de Cruzeiro, localizada a cerca de 300 quilômetros de Sorocaba, e viajou com a esposa e a sogra para participar do encontro. Hoje ele tem três Pumas montados e dois desmontados. O interesse pelo automobilismo começou na infância. A paixão era tão grande, que Edyl seguiu a carreira de mecânico. “Isso já é desde moleque. Meu tio já era mecânico, então, fui mexendo com ele e gostando. Hoje tenho esses carros, tenho Gurgel, tenho esses Pumas, sempre gostei muito”.

Outro integrante do grupo é o advogado Vicente Gandini, de 69 anos. O morador de Itu possui galpões com quase 100 carros antigos. Entre eles, um muito especial, um Puma projetado. O veículo é uma peça preciosa. Poucas unidades do modelo foram fabricadas. Uma delas é a do Vicente. “Segundo informações que a gente tem, são seis fabricadas. Das seis, uma delas é a minha, amarela. Esse Puma foi projetado. Ele era um projeto que a Puma estava fazendo e ai eles entraram em falência, e esse projeto não terminou. Eles colocaram esses carros e o ferramental na massa falida e ficou para os funcionários. Eles terminaram esse Puma em 79, 80, e é um projeto. Então, são poucos”, detalhou.

Conforme Vicente, o veículo tem ar condicionado de fábrica e motor de volkswagen 1800 cilindradas. “Em 86, a Puma vai com todo ferramental para o Sul, os empregados que saíram de lá montam uma fábrica no Sul e fazem a M4, que é uma Puma igual a minha só que com o motor de Santana. Agora, essa com motor de fusca, original, é muito dificil de achar”, explicou.

O carro clássico foi encontrado por Vicente na cidade de Ananindeua, no Pará. Hoje, para participar dos eventos ele transporta o veículo em uma plataforma, para preservar a máquina. No entanto, no último encontro em Sorocaba ele andou pela primeira vez com o Puma na estrada. Ao dar uma voltinha pelas ruas, o carro gerou curiosidade e chamou muita atenção.

“Pessoal dá aquelas freadas, para, volta, segura o carro, filma, dá com a mão, grita, realmente, é diferenciado. É claro, isso é o nosso combustível, a gente adora isso. Na estrada mesmo, aconteceu umas quatro vezes, inclusive no pedágio, a menina do caixa pediu para tirar uma foto, e é isso ai, é muito gostoso”, contou.

Entre outubro e novembro, todos se reúnem novamente no encontro nacional dos Pumas. Cada ano o evento acontece em uma cidade. Em 2024, o local escolhido é Curitiba, no Paraná.

Uma ‘máquina projetada para velocidade’

Tudo começou a partir do protótipo de pista que Rino Malzoni desenvolveu em sua fazenda na cidade de Matão, em São Paulo. O projeto contou com o auxílio da fábrica de automóveis Vemag, que na época forneceu chassis e mecânica à iniciativa com o objetivo de ter um modelo para competir diretamente com o Interlagos da Willys, vitorioso em vários eventos de 1964.

Com o veículo em evolução e ganhando competições, uma empresa foi fundada e o modelo batizado de GT Malzoni. A máquina era exclusiva para as pistas, no entanto, teve algumas unidades vendidas para as ruas.

Em 1966, com a ideia de comercializar um modelo exclusivo para o uso nas ruas, foi proposto um novo nome para dissociar a imagem de competição, e assim, optou-se pelo nome Puma. Batizado de Puma GT, conhecido como Puma DKW, baseado na carroceria do GT Malzoni, o veículo foi exposto no Salão do Automóvel em 1966. O carro passa por mudanças estéticas e técnicas e ganha um melhor acabamento.

Com a compra da Vemag pela Volkswagen, a produção dos modelos DKW (na qual o Puma utilizava a mecânica até então), foi suspensa em 1967. Sem o fornecimento de chassis e motor, Malzoni retomou um projeto de carro de corrida parado. Nove meses depois, o protótipo estava pronto.

Além desses veículos, foram fabricados o Puma GT4R, Puma GTE e Puma Spider, Puma P-052, entre outros. Em 1985, a Puma Indústria de Veículos encerra as suas atividades e transfere os ativos à Araucária Veículos, no estado do Paraná, empresa que deu continuidade à produção dos modelos da Puma.

Em 1988, a Araucária Veículos foi adquirida pela Alfa Metais, que herdou o contrato de uso limitado da marca e desing. Meio século depois da fase histórica, a Puma Automóveis retorna com o Puma GT Lumimari. (Com informações da Puma Automóveis)

 

 

 

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